quarta-feira, 27 de abril de 2011

acerca de mim .

Deambulo recordações sem as desfazer em pó. Construo castelos em cima de blocos de ar vazios, sem medo de os ver cair, mas às vezes ele acabam mesmo por cair e partir-se e no fim fica somente a lembrança de alguma coisa. Brinco com as estrelas, e sozinha faço desenhos no céu, trocando as estrelas e juntando os planetas numa única e só constelação. Uso as palavras como porto de abrigo, quando a ausência da presença física já não me pode destruir mais, quando os sonhos já não podem passar mais disso e quando a única coisa que me resta, nesta monotonia quase etérea e celestial, é isto. Isto que não é um poema, porque eu não faço poesia, eu escrevo cartas. Faço da minha vida uma sala fechada, por medo de a ver cheia e depois vazia e só dou - no máximo - metade de mim a quem quer que seja. A outra metade reservo-a, dentro de uma caixa, para quando não tiver mais nada, para quando a única coisa que me restar for apenas saudades do passado que não conjuguei e do futuro que não terei. Ao contrário do que acontecia antigamente, não tenho medo de morrer. Sei que deve de existir um sítio perfeito, onde vão parar as coisas mais bonitas, mas que se perderam e a única coisa que eu sei, é que o silêncio que eu agora oiço é o bater do meu coração, mas não faz mal, eu nunca me importei de ficar sozinha. Ando aqui, nesta calma e tranquilidade a apanhar os bocadinhos do meu coração que se partiram, ando aqui, sem me importar, sou a pobre ceifeira inconsciente, sou, encolho os ombros e colo uns pedaços aos outros, mesmo com falhas e buracos. E, no fim tudo acaba em silêncio e poesia. *

2 comentários:

  1. Não consigo dizer muito mais do que tu próprias disseste no comentário. Quando as pessoas entram pelas nossas casas da maneira genuína como pessoas como os D'zrt entraram, é normal sentir-mos o que sentimos. E custa mesmo a acreditar. Ver os vídeos, fotos, todo aquele carinho reconfortante que dava às pessoas é mesmo digno de ser recordado!

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